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terça-feira, 1 de julho de 2014

Capítulo 6 - Ausência e Explicações


Passou-se então um mês. As visitas de jorge ficaram cada vez mais raras,  sei que ele deveria estar cansado, pois todos os dias ele me ajudava. Mas eu sentia falta de vê-lo, A minha recuperação estava ocorrendo rápido, e eu  já conseguia andar sozinho. 

Maria eduarda, veio  me visitar, e  num dia desses eu conversei a respeito de jorge com ela, acabei descobrindo algo que me deixou muito triste.
-O Jorge não veio ainda está semana aqui me ver , ele esta doente será?
Ela tentou disfarçar, mas percebi que ela queria me contar algo mais não sabia como.
-Fala Maria o que houve?
- O Jorge ta ficando com uma fulana lá?
Eu meio que sem entender perguntei:
- Quem é ela ???
-Carla.  Acho que é só ficando mesmo,  nada sério.

"Eu não pudia acreditar no que estava ouvindo, eu nunca havia ouvido dizer que Jorge tinha ficado com uma garota até então,  nunca havia beijado alguém. Claro que depois que eu disse que gostava dele, ele nunca falaria nada para mim. Mas mesmo antes, ele nunca comentou nada a respeito disso comigo."

Eu fiquei arrasado. Sei que isso algum dia iria acontecer, ele é homem, normal ele ficar com uma garota. Chorei muito.  Maria tentava me consolar, mas eu estava Arrasado. 
Ela então preferiu me deixar sozinho, no caminho até sua casa acabou encontrando o Jorge com a tal Carla. Ele a comprimentou,  ela retribuiu; mas não perguntou nada sobre mim, então Maria falou.
-To vindo agora  da casa do Marcelo, Ele perguntou por ti? 
Ele meio que sem jeito respondeu:
-Ele como é que esta, ta bem ?
Ela respondeu:
- Esta bem sim , só que queria vê-lo!
Ele então acabou tendo uma ideia que logo Maria lhe disse que não seria muito boa.
-Vamos la´Carla visitar meu amigo?
Maria então Interrompeu.
-Melhor não jorge, vai outro dia;  acho que ele não vai querer conhecer agora a tua namorada.
Ele então percebeu que seria muito constrangedor levar aquela garota junto com ele.
Maria se despediu e foi para sua casa, Jorge e a sua  namorada continuaram passeando. Ele a levou em casa e resolveu ir sozinho até a minha.
Eu tinha acabado de entrar no banho quando ele chegou, minha mãe disse para ele aguardar no meu quarto, Quando eu sai do banheiro e abri a porta, ele estava lá; Minha primeira reação foi comprimentá-lo, ele sorriu para mim retribuindo, eu perguntei se ele estava bem.
Ele então me disse que queria contar uma coisa . Eu percebi que ele iria me  contar da tal garota,  então me fiz como se não soubesse de nada. 
-Marcelo, eu to namorando?
-Namorando, eu perguntei, não era ficando?
Ali eu acabei me entregando que já sabia de tudo.
- Tu já sabe, ele me perguntou. 
-Já ( respondi )
- Quem te contou? 
- Jorge, isso não importa. Olha só tu não precisa me contar nada, a vida é sua . Eu não tenho nada que ver.  (desabafei)
- Achei que tu devia saber, nós somos amigos , acho que tu ficaria feliz com a minha felicidade, mas vejo que não.
Eu então disse:
- É difícil para mim saber que o cara ... Bem deixa pra lá, ta namorando ... Ele então me interrompeu.
-Tu sabe que nunca vai haver nada entre a gente, não sabe ?
-Sei.  (já quase chorando  )
Ele então proceguiu:
-Eu sei que tu gosta de mim, respeito isso, nunca vou te tratar mal por tu sentir isso em relação a mim. Mas só que nada além de uma amizade existirá entre a gente. Sabe por que  eu me afastei...
Eu interrompi chorando.
-Por causa dela.
-Não ( ele me respondeu)
-Não foi por causa dela , não. Foi por que eu estava percebendo que tu de certa forma tava tendo esperanças a meu respeito, vendo que eu estava sempre perto de ti de alguma maneira ; talvez tu não admita, mas é verdade. No fundo tu estava achando que poderia ter alguma coisa comigo, só que isso não vai acontecer, tu sabe que não... Foi por isso que eu me afastei .
Então ele se aproximou, vendo meu estado. Me deu um abraço . Eu  lhe falei:
- Desculpa, eu sei que não tenho o direito de agir assim, tenho que me acostumar né, o que eu posso fazer...
 Ele até brincou.
-Olha se um dia eu tiver que ficar com um cara , tu sabe que vai ser você , mas acho que isso nunca vai acontecer!!!
Nós então ficamos ali , falando bobagens, ele sempre me alegrou com o seu jeito divertido e brincalhão, nós nos dávamos muito bem e eu queria que continuasse assim.

Eu pensei que conseguiria conviver, sabendo que ele estava namorando, mas no primeiro dia que eu sai depois de muito tempo de casa. Acabei encontrando ele e sua namorada Carla sentados em uma pracinha, aos beijos e abraços, foi um choque muito grande vê-lo ali. Minha vontade era ir até la´e de alguma forma separá-los, mas apenas fiquei observando-os de longe.

Meu coração apertado dizia para eu ir embora e sair dali, mesmo assim permaneci. O Jeito com que ele abraçava ela, os seus beijos, os carinhos entre os dois. Foi horrível ver que o homem que eu amava nos braços de outra pessoa. Ele estava feliz ao lado daquela garota. Dizem que quando se ama realmente, queremos ver a pessoa feliz; mesmo que não seja ao nosso lado. Isso de algum modo me fazia ver que Jorge era realmente o grande amor da minha vida. Quem era eu para impedir isso de acontecer. Eu não percebi, mas Jorge me viu indo embora dali. Viu como triste eu sai, de cabeça baixa. Aquilo lhe fez sentir pena de mim. Mas ele não comentou nada com a garota que estava lá, apenas sentiu um aperto no peito que ele não sabia explicar o por quê. 


Anoiteceu já se passava das 9 da noite, como de costume, eu assistia TV ou estava na internet, foi quando a campainha tocou. Minha mãe estava viajando, então eu fui abrir a porta, que para minha surpresa, era jorge.
-Tudo bem? (ele perguntou)
-Tudo, entra... (eu respondi)
-Ta fazendo o que? (ele perguntou)
-To na internet, passa aqui no quarto. (Eu lhe respondi)
Enquanto eu me sentava e desligava o computador para dar toda a atenção a ele, fui surpreendido.
-Eu vi você na pracinha.  (Jorge falou)
-A é eu cruzei por lá sim, mas não te vi.
-Você não sabe mentir né, eu sei que você me viu e não quis se aproximar, ficou de longe olhando, por quê ficar se torturando?
Eu não consegui me virar, olhar nos olhos dele e dizer, os meus já estavam cheios d'água.
-Ta certo, eu  vi você lá, bem que eu queria ter ido falar contigo, mas sei que não tenho o direito de atrapalhar tua vida. Você é tão bacana comigo me aceitando assim como seu amigo, só que não consigo disfarçar o sinto, desculpa.
Ele então virou a cadeira que eu estava e olhando bem fundo nos meus olhos disse:
-Eu gosto de ti também mas como amigo e não quero te ver sofrer por minha causa. 
Eu então lhe dei um abraço forte, chorei no seu ombro e ele me consolou. 
-Lembra o que eu te disse no hospital que eu ia cuidar de você?
Eu balancei a cabeça concordando.
-É isso que eu to fazendo agora, tu sabe que se fosse qualquer outro cara eu nunca ia deixar se aproximar tanto de mim assim, mas com você é diferente. Não sei explicar mas tua presença me faz muito bem e eu quero que a minha faça o mesmo contigo e não tu ficar ai chorando , triste...
-Não vou chorar mais, ta bem... 
-Quero só ver mesmo. 
-Bem acho que tá tarde já tenho que ir. 
Então eu o convidei para dormir ali em casa, Pois  eu não queria ficar sozinho.
Ele me disse que não pudia , falou que tinha que ir .  
Eu então num ato impensado segurei na sua mão e disse:
-Por  favor , fica.
Pude ver nos olhos dele que não era isso que ele queria, mas mesmo assim ele aceitou.
-Tá bem , eu faço este sacrifício. (Ele respondeu).
-Vou arrumar a sua cama então. (Eu disse)
No  meu quarto só havia uma cama a minha. Arrumei no chão a cama dele. 
Conversamos muito, mostrei para ele algumas coisas no meu computador, já era  bastante tarde quando ele me pediu uma roupa para se trocar pois estava com sono, então para a minha surpresa ele apenas se virou de costas e se trocou ali mesmo na minha frente.

domingo, 1 de junho de 2014

Capítulo 5 - Um Novo Começo


Foram longos dias, entre delírios e lucidez. Uma certeza apenas, que minha vida recomeçava. Algum propósito existia, O que mais tarde eu descobriria...

Maria Eduarda e Jorge se revesavam em pernoitar no hospital, pois para minha mãe já estava ficando muito cansativo por ficar dias e dias ali, eles se revesavam para poder deixar minha mãe tentar descansar um pouco durante a noite.

Já a havia se passado uma semana e eu ainda não dava sinal de melhora.  O medico   tentava de todas as formas fazer com que eu reagisse ao tratamento, mas ainda não dava o resultado esperado. 
Maria  surpreendia-se pela dedicação de Jorge, ele em nenhum momento demonstrava cansaço ou que já não ia mais ficar ali presente. 
-Jorge, você já está cansado de ficar aqui?  
-Não, to bem ( Ele responde )
-Eu achei que fosse só no começo que você iria ficar, Mas vejo que não. 
Jorge então desabafou.
- Sei e percebi que de alguma forma eu sou o responsável por isso ter acontecido, mesmo por que se ele andou desorientado pela rua e foi parar lá naquele lugar até ser assaltado e tal.  Eu fui culpado, por que  antes disso ele me procurou e eu o tratei mal, nem deixei ele falar. Acabei entendendo de que o fato dele gostar de mim não muda em nada o carinho que eu sinto por ele. A amizade dele sempre foi verdadeira, em nenhum momento destes anos, Nunca, Nunca mesmo me faltou com respeito, ou que eu percebesse algo diferente da parte dele. O Marcelo  sempre teve presente na minha vida em tudo, não vai ser o fato de ele ser gay que vai mudar o que nós somos, isso que aconteceu serviu para que eu percebesse que ele é muito importante em minha vida, mais até do que eu pensava."   
Maria  lhe deu um abraço apertado e um beijo no rosto lhe dizendo que ficava feliz por estar ouvindo ele falar aquilo.

Passou-se mais dois dias depois daquela conversa. E então de  madrugada  eu finalmente dei sinal que estava me recuperando,   Me virei de lado  na cama, não havia ninguém naquele momento ali, surpresa maior foi para o medico que só notou isso pela manhã, por isso  decidiu tirar-me do coma induzido.
No outro dia. Comecei acordar, ao abrir meus olhos pela primeira vez, E ao ver o jorge ao meu lado. Me emocionei e uma lágrima caia sobre minha face sem ter  como impedí-la.  Eu ainda não conseguia falar, me sentia muito grogue devido a medicação.
Jorge  me olhava fixamente, deixando-me sem graça. Por um momento pareceu-me  entender o que meus olhos diziam. Eu estava muito feliz por vê-lo.

"Nossas vidas são feitas de pequenos momentos, que se tornam grandes devido a sensação que eles trazem...  E com  toda certeza aquele, eu jamais esqueceria."

Passou-se mais dois dias, e finalmente fui levado para o quarto.
Já estava muito melhor, os medicamentos ainda me davam muito sono. Devido a isso eu passava todo tempo dormindo.
Até que um dia eu acordei mas disposto, minha mãe estava do meu lado. Falei: 
- Mãe, desculpa .
Ela disse :
- Do que filho?
- Por tudo isso que eu fiz vocês estarem passando .
"Eu me sentia culpado por estar fazendo as pessoas que tanto amo, estarem ali por minha causa."
Jorge chegava neste momento para passar a noite ali. Perguntou como eu estava. Minha mãe lhe contou  que eu havia acordado.
Ele imediatamente  quis me ver, chegando perto da minha cama. Mas eu havia adormecido novamente.   Começou então a me observar, olhava para mim de uma forma carinhosa, mesmo sem entender por que fazia, seus olhos se encheram de lagrimas ao pensar que talvez eu não tivesse  sobrevivido. Neste instante  eu acordei e lhe vi  parado olhando fixamente para mim com seus olhos marejados.  Uma emoção diferente ocorreu. Nossos olhares se completavam. Ele então me disse, já chorando:
-Desculpa, me perdoa. A culpa por você estar aqui é minha.
Eu com muita dificuldade falei.
-Não tem por que te desculpar, você não tem culpa de nada... 
- Obrigado por estar aqui, por estar perto de mim aqui nesse momento. 
( Então ele me disse:)
- Não fala mais, descansa,  Eu quero ouvir tudo o que tu quiser me dizer, mais só depois que tudo ficar bem... Eu to aqui do teu lado e sempre estarei. Meu amigo.
Fechei meus olhos, e adormeci. E num gesto surpreendente Jorge me deu um beijo na testa.  O mais sublime gesto de carinho que pela primeira vez ele demostrava. 

Passou-se mais alguns dias...


Eu estava me recuperando rapidamente. Então minha alta foi dada, eu ainda não conseguia andar por isso tive que me acostumar à me locomover em uma cadeira de rodas, no dia da minha alta, Jorge foi quem ajudou-me colocar nela, levando-me  para casa com o seu carro e ao chegar, mais uma vez ele carregou-me  no colo até o meu  quarto.
Naquele dia, Jorge ficou comigo até que eu dormisse o que logo aconteceu, depois disso,  avisou para minha mãe que mais tarde viria e que eu acabava de dormir. Minha mãe se despediu e agradeceu por tudo o que ele havia feito por mim. Neste momento Maria Eduarda chegava. Ela e minha mãe, conversaram um pouco, enquanto eu dormia. Acabei não vendo Maria, que em seguida foi embora.
Os dias foram se passando. Para mim era difícil ter que depender dos outros para até mesmo ir ao banheiro, percebia  que estava dando muito trabalho para minha mãe, assim como  para o jorge. Pois eu não queria que ele sentisse na obrigação de me ajudar, nem pena e nem culpa pelo que aconteceu. Isso acabou ficando claro na conversa que tivemos.

Era noite, eu estava assistindo televisão quando ele chegou. Abriu a porta e foi logo perguntando como eu estava,  disse que estava bem.  Logo agradeci por ele estar se  preocupando comigo, disse que senti-me  muito feliz por tê-lo por perto. Então foi que ele me disse  que se sentia-se culpado pelo que tinha acontecido, e que  ficava feliz em poder me ajudar, que ele somente retribuiria o carinho que eu demostrava por ele.
Foi então que perguntei:
- Tu senti pena de mim, Jorge?
- Não, claro que não.
- Não quero que tu sinta pena de mim.
Então ele me interrompeu:
- Eu não tenho motivo para sentir pena de ti, nunca tive e nem terei, tu é meu melhor amigo, acho que se fosse eu no teu lugar você teria tido a mesma atitude e ficaria ao meu lado me ajudando. E é isso que eu quero, estar presente. Sei que tu gosta de mim de uma outra forma. O que me resta é aceitar e respeitar você por isso. Sei que um dia tu vai encontrar alguém que goste de ti e te faça feliz. Mas não sou eu, porém isso não impede de que a nossa amizade prossiga, percebi que estava errado quando lhe falei aquelas palavras da outra vez. Fiquei chocado e assustado, não esperava você se declarar para mim daquele jeito, mas hoje entendo que foi melhor para nós dois que as coisas tenham sido ditas, e hoje te digo isso também, de mim você sempre terá o carinho, respeito e uma amizade sincera como sempre tivemos. 

Eu ao mesmo tempo que  ficava feliz por saber que nossa amizade continuaria, meu peito apertado sabia que nada além disso poderia acontecer... Ele era um homem proibido pra mim, e eu teria que aceitar e entender.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Capítulo 4 - Encontro

Maria decidiu procurar por Jorge na academia. 
E ao chegar até lá, olhava para todos os lados, e não o avistava. Passou alguns minutos  quando ela o viu. Ele saia do banheiro, Foi em sua direção. Mas antes mesmo dela falar o que queria. Jorge dizia que se o assunto era sobre o mim, que ele não tinha nada mais a conversar.
Maria sentiu uma raiva subida tomar conta dela, assim acabou perdendo o controle e quase gritando disse:
-O Marcelo está no hospital.  Eu só vim até aqui para te avisar isso, pois achei que tu ainda se importava com ele,  mas pelo visto me enganei!!
Jorge sentiu-se constrangido, mas ao mesmo tempo preocupado.
-Espera, o que aconteceu? Por que ele tá no hospital?
- Não sei ainda o porque, o que sei é que ele foi esfaqueado na rua, e que é grave o seu estado de saúde.

Maria se virou dando as costas a Jorge que sem reação, paralisou-se. Maria pensou o quanto era importante a presença dele para o Marcelo, e então perguntou sem se virar novamente:
- Você vem comigo?
O silencio parecia responder aquela pergunta. Ela já desistindo e se arrependendo ter ter ido procurar por jorge, surpreendeu-se.
- Sim, eu vou... 
-Que bom, tomou a decisão certa, nestas horas temos que deixar as diferenças de lado, pois se fosse o contrario certamente o Marcelo estaria ao seu lado.
- Sim, eu sei... apesar de não entender muito o porque
- Como não entende, o cara te ama... e faz muito tempo já!!!
- Por que você nunca me falou??
- Por que eu não tenho nada a ver com a vida dele. Jorge, mas nunca vi um sentimento tão bonito quanto o que ele sente por você.
- Maria, posso te pedir uma coisa, não fala mais nada sobre isso. Quando o Marcelo melhorar conversaremos, mas não quero dar falsas esperanças a ele, pois isso preferi me afastar.

"Maria Eduarda, sorriu discretamente. Pois algo naquelas palavras pareciam não se encaixar. Calou-se diante daquele pedido. Mas algo lhe dizia que talvez Jorge pudesse também sentir algo por Marcelo, que não era apenas uma simples amizade. Algo que ele queria esconder dele mesmo."   

No hospital começaria a minha cirurgia cirurgia,  o medico dizia que não poderia adiar mais nem um minuto, enquanto ele dava a notícia para minha mãe. Maria Eduarda entrava e ao seu lado estava Jorge. 
- Como ele esta, doutor?
-Eu acabava de avisar que começaremos a cirurgia, mesmo sem ter sangue compatível. Vamos torcer para que ocorra  tudo bem e que não precisemos de uma transfusão.
- Jorge aflito pergunta:
- Que sangue ele precisa?
- Ele precisa sangue do tipo O-
- Eu posso doar para ele doutor!!!
-Mais qual é o seu tipo sanguíneo??
-Não tenho bem certeza mais acho que é o mesmo que ele. ( Jorge finalizou )
Dona Lúcia emocionada, sem pensar muito deu um forte abraço em jorge.
- Obrigado meu filho, muito obrigado. 
Jorge emocionado, demonstrava pela primeira vez sentimentos em relação a Mim.  Maria Eduarda olhava como se não acreditasse no que via. Jorge chorava abraçado aquela que ele tinha como uma segunda mãe.  Ela sentia seu coração alegrasse por ver aquele momento, e emocionada também chorou.
- Precisamos ir então, se você irá doar temos que fazer um exame para confirmar se você será o doador. (Interrompeu o medico).

Jorge então pediu algo. 
-Posso ver ele antes?
- Não recomendo, ele está inconsciente, não poderá falar com ele. Avisou o medico.
- Não tem problema, posso ir mesmo assim, nem que seja por um instante. Claro isso se a Dona Lúcia não quiser ir no meu lugar.
Minha mãe apesar de querer ir muito me ver, não se negou. Deixando jorge ir no seu lugar, Ela em seu coração sabia que um sentimento maior, unia Jorge a Marcelo. Pois seu filho sempre falava para ela tudo o que faziam, "Marcelo era um filho maravilhoso, ia gostar de ver o quanto seu amigo estava aflito e emocionado." Lembrou-se. Apesar dela nunca entender realmente a veneração que eu tinha por Jorge, mas sabia que ele ficaria feliz em ver que seu melhor amigo esteve presente durante aquele momento  tão difícil de sua vida.
Ao entrar na sala, já preparada para a cirurgia, jorge viu uma imagem que lhe entristeceu profundamente. 
Ele foi aproximando-se lentamente, com lágrimas nos olhos, sentiu raiva de si mesmo.
- A culpa é minha!! Exclamou. 
Jorge então chegou ao lado do leito em que eu estava.
"Naquele momento não sei explicar bem ao certo, senti a sua presença, eu estava sedado, não conseguia falar, e nem me movimentar. Mas sabia que se eu morresse ali, queria pelo menos vê-lo pela última vez. Olhar em seus olhos me deixaria feliz em partir, pensei" 
Então consegui com dificuldade abrir um de meus olhos. Jorge segurava em minha mão, sua voz travada e emocionada, tocaram meu coração sensivelmente, não consegui conter as lágrimas que logo começaram a cair.
- Eu to aqui, amigo, meu amigo... Jorge parecia que não conseguiria dizer mais nada.

"As palavras não saiam ao vê-lo naquele estado, sentia-me culpa, por ele estar passando por aquilo, se eu não tivesse o tratado tão mal, se eu tivesse lhe entendido, talvez ele não estaria aqui."  Jorge pensou... e já quase sem voz, falou:
- Me desculpa, meu amigo, por favor. Eu não devia ter te tratado daquele  jeito. Me perdoa por ter sido um idiota e não ter visto que não tem diferença nenhuma o que tu sente.  Você sempre foi meu melhor amigo, sempre me respeitou. Tanto fez que eu nunca percebi que você gostava de mim.  
Eu fracamente consegui apertar em sua mão.
"Queria dizer a ele, o quanto era importante pra mim, queria me despedir, mas não consegui."
-Por favor, não vai embora,  não deixa teu amigo aqui sozinho. Eu preciso de ti perto de mim. 
Eu lutava para continuar a viver.  
Jorge num ato de desespero, sentiu um sentimento tomar conta de seu coração, e sem se dar conta. Caiu-se de joelhos no chão e pediu a deus que não deixasse que seu melhor amigo morresse.  
- "Por favor deus salva ele, não o leva da minha vida. Eu tenho tanto que me zangar com ele ainda. Eu prometo que vou cuidar bem dele, que sempre vou estar por perto quando  precisar, assim como ele sempre fez comigo. 

O Medico então entrou na sala, dizendo que teria que começar a cirurgia. Pois estavam correndo contra o tempo. E que era para a enfermeira acompanhar ele até a sala de coleta para que fizessem o teste de compatibilidade. 

Mas antes de sair dali, jorge olhou para trás, e ao ver seu melhor amigo ali deitado  naquela sala, cheio de tubos por todos lados,  percebeu que a vida da gente se resume a quase nada.

Foi feito o teste para saber se ele podia doar seu sangue para mim, o resultado foi positivo. A cirurgia começava, seria bastante delicada, pois a facada que o bandido deu em mim, havia perfurado um dos meus rins e uma parte do intestino tinha sido gravemente afetada. 
Passou-se horas, cada minuto parecia interminável, sem notícias,  aflitos esperavam os três. Dona Lúcia rezava fervorosamente, enquanto Maria em silencio fazia suas preces, Jorge que nunca foi muito religioso, pedia a deus que tudo ocorresse bem. Mas da sua cabeça não saiam as  lembranças alegres que viveu ao lado daquele amigo.

  O medico finalmente apareceu trazendo notícias:
-Foi muito difícil,  mas ele vai se recuperar, conseguimos sessar a hemorragia e reconstruir os tecidos que foram perfurados, seu sangue serviu muito bem. Dirigindo-se a jorge falou. Agora temos que esperar as próximas horas para ver como ele vai reagir.
-O único problema é que tivemos que retirar o rim esquerdo, que não conseguimos recuperar, devido a facada ter perfurado por completo, e a hemorragia que ele provocava não seria cessada se deixássemos. Temos agora que esperar às próximas horas para ver se tudo correr bem, e como organismo se comporta sem um dois rins. 
- Mas meu filho corre risco de vida ainda?? ele vai sobreviver com apenas um rim??
- Sim, normalmente pessoas que retiram um dos rins sobrevivem e continuam suas vidas, mas tudo depende do organismo de cada um. Finalizou o medico. 
- Bem, agora se me dão licença.
- Posso ver meu filho doutor?? Perguntou dona Lúcia.
- Poderá, sim. Mas somente pelo vidro da UTI.  Ele deve ficar lá pelo menos as próximas 72 horas. E depois se tudo correr bem, lhe transferimos para o quarto.
- Sim eu quero vê-lo nem que seja de longe.
- Me acompanhe por favor, então.

Jorge ainda atordoado, lembrou-se do que ocorreu lá dentro antes da cirurgia:
-Ele apertou minha mão aquela hora que eu estava lá. 
Maria Eduarda disse então:
- Creio que ele deva ter sentido sua presença lá e quis demonstrar que estava sentindo, Apesar de estar em coma induzido. Muitos pacientes conseguem sentir o que se passa em volta. E pode estar certo que o Marcelo sentiu que você estava ali ao lado dele neste momento tão difícil e quis realmente de alguma forma demonstrar que sentia isso.


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Amanhecia. Maria Eduarda e Jorge, Haviam passado á noite ali ao lado de Dona Lúcia, tentavam disfarçar o cansaço que era evidente.
-Meus filhos, se quiserem ir pra casa... podem ir, eu ficarei bem, qualquer notícia eu mando avisá-los. 
-Eu vou ir então, pois nem avisei em casa que sairia, e no fim passei a noite fora. 
-É... vai Jorge, meu querido... Sua mãe deve estar aflita sem notícias suas... E mais uma vez muito obrigado por ter ajudado a salvar a vida do meu filho, se você não tivesse doado seu sangue nem sei o que poderia ter acontecido.
-Não tem que me agradecer, se fosse o contrário sei que o Marcelo teria feito por mim o mesmo. E num abraço de ternura a gratidão, Dona Lúcia e jorge se despediram. Assim como Maria Eduarda também foi,  e foram juntos até a saída do hospital e ela ao se despedir de jorge lhe disse.
- Eu não esperava outra coisa vinda de você, Jorge. Parabéns mesmo, O Marcelo ficará muito feliz quando souber que você não lhe deixou neste momento.

Maria eduarda deu-lhe um beijinho no rosto se despedindo. Seu corpo estremeceu ao tocá-lo. 

"Eu sempre gostei dele, mas preferi manter-me distante e fiel a minha amizade com o Marcelo, que para mim era mais importante. Quando eu era mais nova até quis declarar-me ao Jorge, Mas não o fiz. Não tive coragem, passou o tempo e vi que não devia. E depois que conheci o Marcelo e soube de seu amor, preferi me calar e deixar que o tempo se encarregasse de fazer-me esquecer, mas isso ainda não acontecerá... Peço a deus que me mantenha firme e fiel a minha amizade".

Jorge foi de volta para sua casa, onde lá Dona Catarina, sua mãe lhe aguardava.
-Onde você passou a noite jorge?? Nem um telefonema pra avisar, estava preocupada??
- Desculpa mamãe é que eu estava no hospital, O Marcelo foi assaltado e precisou fazer uma cirurgia.
(Ela sem se preocupar com a gravidade da situação, disparou...) 
-Não quero que você fique perto desse menino... Jorge, esta me escutando bem??
- Por que mãe, o que foi? Ele é meu amigo.
E para a surpresa de jorge, sua mãe tirou um envelope do bolso de seu casaco, sem que ele pudesse dizer nada ela continuou.
-Eu li esta carta que ele escreveu, ela estava nas suas coisas, como este menino pode? Ele frequentava nossa casa e tudo mais, e fazer isso com a gente, imagina se a cidade fica sabendo o que ele escreveu, vão pensar que você dois tem alguma coisa, que meu filho também é anormal, assim como ele. 
Jorge aflito, olhava sem jeito para ela, que seguia falando, e falando... Ele temia que isso acontecesse, que sua família soubesse sobre o sentimento de Marcelo por ele. Mas sua coração dizia que ele deveria permanecer ao lado de seu amigo, pelo menos até que ele se recuperasse totalmente.

-Eu proíbo você de ver este... este, este, nem quero dizer o que ele é, proíbo, jorge, se me desobedecer eu falarei com o seu pai sobre o que eu li.
-Não mamãe, não posso deixar ele de lado, ele esta doente, precisa de mim. Eu até doei sangue pra ele, pois ele estava precisando.
- O que você fez, doou seu sangue, para aquele anormal e invertido.
- Ele não é anormal, mamãe... ele é meu amigo, me devolve a carta?
- Não, colocarei ela fora, queimarei se for preciso, ninguém mais vai ler esta barbaridade. Meu deus se souberem o que pensarão.
-A senhora não tinha o direito de mexer nas minhas coisa e muito menos ler,
-Eu sou sua mãe, me respeite Jorge!!!
(Jorge pela primeira vez na vida se exaltou com a sua mãe e em a voz alta gritou)
- É minha mãe sim,  Mas não é minha dona, não tem o direito de dizer o que eu faço da minha vida... e por favor me deixe sozinho.

Jorge pegou das mãos delas a carta que eu havia escrito e que nem ele ainda havia lido. Sua mãe ficou furiosa com a atitude de seu filho. Mas percebeu que não adiantaria continuar a conversa. 
-Esta bem, se é assim, falarei com seu pai quando ele chegar... esta avisado.

Jorge subiu até seu quarto, deitou-se em sua cama, com a carta em sua mão, chorou... como criança ao ler cada uma daquelas linhas escritas. Comoveu-se ainda mais com a despedia final da carta. 

"Espero que algum dia me perdoe, por ter escondido meus sentimentos por ti, mas nunca tive coragem de me abrir, tinha medo de sua reação, e eu morreria se você me desprezasse. Fico sem chão, meu peito doí, e meus olhos se enchem de lágrimas só de pensar numa coisa assim, não quero nada além do que ser verdadeiro contigo, quero que fiquei ciente de meus sentimentos, apenas isso, jamais me aproveitaria a algo além de ser seu amigo, me perdoe por ter demorado tanto tempo a revelar isso."

Com carinho

Marcelo

terça-feira, 1 de abril de 2014

Capitulo 3 - A Despedida


"Depois que sai da casa de jorge, não me dei conta de mais nada. Andei sem rumo, Eu já não me importava com mais nada, apenas queria que o tempo voltasse e que assim sendo não tivesse dito nada a ele."


Eu já estava bem longe, quase no final da cidade. Estava exausto, cansado, nem assim parei de andar. "Acabei entrando em ruas que não conhecia, becos que davam medo só de pensar em estar."
Sem eu perceber um bandido estava me seguindo já algum tempo e em um rua quase deserta, me atacou.
- E ai, cara passa a grana ?
-Que grana, não tenho nada.
"Ele puxava minha mochila, Mesmo eu sabendo que não havia nada de valor, relutei em entregá-lo. O bandido conseguiu pegá-la, Mas acabei puxando de volta, tomando das mãos dele. Foi neste instante que senti uma dor muito forte do meu lado esquerdo. Senti que algo rasgava minhas costas. Neste momento, notei que eu estava com uma faca cravada em meu corpo. Cai  no meio da rua sangrando. O bandido fugiu correndo sem levar nada e eu acabei perdendo a consciência. Desmaiei."

Uma senhora que passava socorreu-me. Chamou a ambulância que logo chegou, levando-me rapidamente para o hospital, onde devido a gravidade do ferimento necessitava passar por uma cirurgia. Do hospital ligaram para minha mãe que ao receber a notícia acabou passando mal. Por sorte Dona Lucia não estava sozinha, maria eduarda havia ido até lá e aguardava pela minha chegada, ao ver que ela não conseguia pronunciar nenhuma palavra pelo telefone, pegou-o e ouviu de uma enfermeira a notícia. Maria tentou manter a calma, colocou o telefone em cima da mesinha da sala, levantou-se indo até a cozinha buscar um copo de aguá com áçucar.

-Tome Dona Lucia, beba se sentirá melhor.
-O que aconteceu com ele, porque com o meu filho... Meu Deus, não permita que nada de grave aconteça!!      
Maria eduarda lhe abraçou, temendo que o pior pudesse acontecer.
Dirigiram-se então até o hospital, e lá chegando foram surpreendidas pela senhora que havia me socorrido. 
-A senhora que é mãe do garoto que foi esfaquiado.
Dona Lucia respondeu aos prontos:
-Sou eu sim. 
A mulher então procegui: 
-É que o garotinho, repetia um nome insistentemente antes de desmaiar por completo.
-O que é que ele falou:  (Dona Lucia aflita perguntou)
-Jorge, ele chamava por este nome.
-Este é o nome do melhor amigo dele, foi ele que fez isso no meu filho? (Dona lucia exclamou)
-Olha senhora não sei, eu encontrei seu filho lá já quase na saída da cidade, e lá tem muitos bandidos, A senhora acha que este é o nome do bandido.
-Não o jorge é um amigo do meu filho, não deve ter sido isso, é que eles são tão amigos.
Maria eduarda interferiu:
-Não, logico que não foi o jorge, é que o marcelo tem o jorge como um irmão, então a ligação dos dois é muito forte.
(Maria eduarda não quiz contar a verdade sobre o desentendimento dos dois, ela sabia não era assunto dela e também não acreditava que jorge tivesse feito aquilo).
Ela então saiu por alguns instantes dali, foi até a recepção onde tentou ligar para a casa de jorge. A mãe de jorge atendeu.
-Alo quem é?
-Eu poderia falar com o jorge?
-Ele não se encontra, quem gostaria?
-É a maria eduarda uma colega dele?
-A senhora sabe aonde eu posso encontra-lo?
-Acho que ele foi até a acedemia, saiu dizendo que iria pra lá.
-Muito obrigado, Dona Catarina
-De nada, minha filha. Quer deixar recado?
-Não obrigada, depois eu ligo.
Maria decidiu então ir até a academia falar com jorge, na presa acabou esquecendo de avisar a minha mãe.

Enquanto isso já começavam a preparar a sala para a minha operação.

-Ele perdeu muito sangue talvez precisará de uma transfusão. Falou o medico a minha mãe. Ela não sabia, Mas meu estado era muito grave e necessitava urgente de uma transfusão.
(Medico explica a minha Mãe)
-O sangue dele é O-,  A senhora pode me acompanhar precisamos fazer um teste, vamos retirar um pequena quantidade de seu sangue para sabermos se a senhora poderá doar. É que não possuímos este tipo sanguíneo no nosso estoque. 
-O senhor quer saber que tipo sanguíneo é o meu, doutor?
-Sim, A senhora sabe qual é ?
-O meu é AB, eu posso doar mesmo assim??
-Não infelizmente não, tem que ser do mesmo tipo, pois este sangue é um pouco raro,  Alguém da sua família pode doar para ele?
-Doutor, somos só eu e ele nesta cidade, minha família mora longe, o único que sei que tinha este sangue era o meu marido, mas ele já faleceu. 
Minha mãe se desesperou temendo pela minha vida. 
-Doutor salva a vida dele, por favor.
-Faremos o possível, vamos ter que começar assim mesmo a cirurgia, não temos este tipo de sangue no hospital, teremos caso der algo errado achar um doador mas rápido possível. 
O medico foi interrompido por uma enfermeira que precisava de seu auxílio. 

Eu sofria a primeira parada Cardio-Respiratória, Minha vida estava por um fio.

sábado, 1 de março de 2014

Capítulo 2 - O Desprezo


Passei o restante da manhã ali, pensando. Todos os alunos já haviam saído do colégio. 

Foi então que a porta da sala que eu estava se abre, Era Maria Eduarda. 
-Marcelo, o que foi ?
-Eu então a abracei e lhe falei:
- Eu disse para ele, eu contei. Maria. 
-Eu imaginei que fosse isso, Jorge estava com uma cara, tentei puxar assunto, mas ele foi estupido comigo.  
- Desculpa ele, é por causa minha, espero que os meus amigos ele não passe a tratar mal, a culpa é minha, não de vocês. 
Maria eduarda, exclamou:
- Culpa que culpa, Marcelo. Não existe culpa por gostar de alguém, sei o quanto você ama ele, o jorge não é mais criança, não pode agir como se fosse uma. Mas não fica assim, deixa ele se acalmar um pouco, Vai passar.
Respondi:
- Ele disse que acabou a nossa amizade, Por quê ? Eu amo ele.
Maria tentando me consolar:
- Deixa passar um pouco isso tudo, vocês são muito amigos, ele vai perceber que está sendo infantil fazendo isso contigo, sei que é duro, imagino que esteja sofrendo, mas acho que ele também deva estar, você era o melhor amigo dele. Ele ficou surpreso, irritado, mas no fundo sente estar perdendo tanto quanto você... E tem outra coisa. A família dele, nós sabemos o quanto ela se acha a certinha e ainda tem o fato de ser preconceituosa, imagina se eles sabem do que você  sente pelo jorge, Acho que isso é o grande motivo da reação dele. "Sei que maria apenas queria me ajudar, tentava assim me colocar para cima de novo,  inventando mil desculpas para me fazer sorrir e voltar ser como eu era. Mas isso naquele momento era algo quase impossível."
-Quer que eu te leve para casa, vamos eu te acompanho. Faço um bricadeiro, assistimos uma comédia no Dvd. (Maria perguntou)
-Não, eu não conseguiria. Desculpa, não me leve a mal, mas eu preciso ficar um pouco sozinho. Mas obrigado, sei que tu só quer me ajudar. Mas acho que depende só de mim daqui pra frente.
Ela então deixou-me ali, me deu um beijo na testa. Despedindo-se. 
A porta da sala se fechou. E eu permaneci ali, Suplicando a deus que me ajudasse, pedindo forças para aguentar ficar distante de jorge. "Mas no mesmo momento que eu rezava pedindo ajuda, meu coração apertado, se enchia de uma súbita esperança, e foi então que em minha mente senti um desejo tomar conta do meu ser. Eu precisava falar com ele nem que fosse pela última vez."
Eu sabia que sair daquele colégio onde que por tantos anos serviu para nós nos aproximássemos e fossemos aos poucos nos tornando amigos, Não seria nada fácil. Pois cada sala, cada corredor, me levava de volta ao um passado tão presente em minha memoria. Eram tantas as recordações. "Nossos risos, se misturavam, nossas atitudes diante das circunstâncias eram parecidos, como se ambos fossem um só.  Minha amizade, apesar de amá-lo tanto era verdadeira assim como a dele por mim apesar de não me amar, era terna e fiel. "
Percebi que as horas se passaram e quase ninguém mais estava no colégio, já era por volta de uma da tarde. Decidi então me levantar dali. Fui até a nossa antiga sala pegar meu material. Ela estava vazia, sentei em minha cadeira,  sendo a última vez que o faria. As lagrimas teimavam em cair e minha memória levou-me de volta ao começo de tudo. Ao meu  primeiro dia de aula da quinta série, ano onde eu o vi pela primeira vez.

"Vi aquele garoto de rosto e corpo largo entrar  sala a dentro, sentou-se na minha frente na classe. Ele me parecia quieto demais, naquele primeiro dia, e acho que por alguns outros dias seguintes, não vi ele conversar com ninguém, E eu aos poucos fui me tornando curioso em saber algo sobre aquele novo colega, e foi em um trabalho em dupla valendo nota que pela primeira vez trocamos as primeiras palavras. Eu o convidei para fazermos juntos o tal trabalho, e ele apenas sacudiu a cabeça concordando."
-É Jorge o teu nome, né? (Perguntei)
-Sim, e o seu é Marcelo (Ele Respondeu)
-Sim (Respondi)
Começamos a responder as perguntas propostas na folha que devíamos entregar, e eu aos poucos fui reparando nele algo que eu nunca havia reparado em garoto algum, Seus olhos verdes atentos me olhavam enquanto eu lia a resposta da pergunta, o jeito como ele mexia no cabelo, louro e liso, seu sorriso farto e sedutor, suas mãos fortes eram tão diferentes das minhas, frágeis e pequenas. Senti meu corpo estremecer todo quando por um súbito momento ele tocou em minha mão, pedindo a caneta que eu segurava, foi magico aquele instante, como se o tempo tivesse parado. "Sem saber eu estava ali começando a escolher um caminho sem volta.
(Voltei a realidade)
-Era tão real, mas já não existia mais, tomei-me conta de que a sala estava vazia e eu estava sentado na minha cadeira, e aquilo tudo que se passou estava num tempo de deve ficar aonde esta, e que já não há como voltar." Levantei-me dali, sai pelo corredor. Tentando esconder minhas lagrimas, Assim seria o meu último adeus aquele lugar que jamais sairia de minha lembrança.
Subindo a rua que levava até a sua casa, decidi, procurá-lo, Pois ainda havia algo que eu precisa fazer. Minhas pernas tremiam, mas assim mesmo, toquei a campainha.  A porta se abriu. O próprio jorge que me atendeu, mas ao olhar em seus olhos o que eu via era uma das piores sensações que um dia eu já senti, Desprezo. Era o que retratava sua face. E antes mesmo que eu pudesse falar algo,  me disse." 
-Achei que tinha deixado bem claro a você,  "Acabou, não quero vê-lo, não quero ouvir nada que tu queira me dizer." 
Tentei falar, mas ele simplesmente foi fechando a porta na minha cara, exclamei:
Não quero falar nada!!! Apenas quero te entregar isso!!!
Ele olhou em minha mão um envelope, mas assim mesmo não esboçou nenhuma atitude. Jorge fechou a porta mesmo assim. 

"Senti-me triste a tratá-lo daquela maneira, Mas o que eu posso fazer, não quero alimentar esperanças no coração do Marcelo. Encostei-me na porta, fechei por uns segundos os olhos, e ao abri-los novamente, me senti emocionado, quase já lagrimejando, pronunciei apenas duas. Sem me dar conta." - Por que?!

(Para jorge era difícil aceitar o amor de Marcelo, ele não entendia direito, Mas sabia que se continuasse perto estaria alimentando aquele sentimento. Jorge tinha medo, só que ao desprezar o seu melhor amigo, estava também desprezando a ele mesmo). 

Eu, então coloquei a carta por debaixo da porta, talvez fosse pra ser assim, pensei, sai dali sem rumo certo pela rua. Jorge então se viu na obrigação de pegar aquela carta pois sua mãe saia da cozinha, e lhe perguntava:
- Quem é jorge?
- O carteiro mãe.
Pegou a carta e saiu correndo até o seu quarto, colocou-a na gaveta do lado de sua cama, deitou-se. Deixando apenas as lembranças dos momentos que passou ao lado daquele amigo fluírem em sua mente. Lembrou-se de coisas que nunca havia pensado antes. Dos momentos felizes que passou ao lado daquele amigo. Do quanto ele era presente em sua vida. "Me recordei da época que eu havia quebrado o meu braço direito e que durante boa parte do tempo que fiquei em casa sem ir ao colégio, era Marcelo que copiava a aula para mim, e ainda tentava me ensinar para que eu não me atrasasse tanto na matéria."
-Marcelo, não entendo... Por que você se preocupa comigo?
- Deixa que quando eu puder eu copio as aulas do teu caderno, não precisa copiar para mim.
- Marcelo meio sem jeito respondeu:
- Capaz, você é meu amigo, faria o mesmo por mim.
Jorge então brincou:
-  Há não, não fazia mesmo, tá louco... Né!!!
Os dois caíram na risada juntos, 
Marcelo ainda falou:     
- Ha é assim...  (Risos)
Ao abrir seus olhos novamente, jorge começava a entender... 
-  Ele era e sempre foi o mesmo, por que meu deus,  estava ali na minha frente e eu não via.  Era tão sutil, mas aos mesmo tempo perceptível, mas eu nunca notei...
"O Marcelo sempre me amou, dedicando-se a mim, eu que não via. Ele é o meu melhor amigo, esteve ao seu lado independente do que fosse, Sempre que eu precisei ele estava presente." Jorge se dava conta de que a amizade, era apenas uma maneira disfarçada de uma forma de amar que sempre existiu.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Capítulo 1 - A Revelação


Então, Haviam se passado 8 anos desde quando eu o vi pela primeira vez. Era meu último dia de aula naquela escola e eu havia decidido, aquele seria o dia que finalmente um grande segredo guardado por um longo tempo seria revelado. 

Jorge, era meu melhor amigo e eu talvez fosse o dele também. Mas eu não sentia apenas uma simples amizade,  Eu o amava.  Amava de todo coração. Um amor puro, sublime e sem malícia.  Pois somente o fato de tê-lo por perto. Participando de sua vida, já me bastava e isso fazia sentir-me feliz por completo. 
Mesmo sabendo, mas sem intensão. Eu estava lhe enganando, escondendo-lhe a verdade.  
Foi então que decidi, já era hora dele saber. 
Eu não tinha o direito de esconder isso por tanto tempo assim, Como fiz. E até porque eu já não conseguia mais suportar guardar este sentimento dentro do meu peito. 
Eu queria dizer de todo o meu coração que o amava, dizer o quanto era importante tê-lo conhecido, e que eu não saberia viver se não tivesse ao seu lado; mesmo que fosse apenas como um amigo. Sabia que não adiantaria ter esperanças de que poderíamos ir além, mas mesmo assim meu coração não deixava de amá-lo, Pois eu tinha a certeza de que o amor entre nós não reinaria.

Naquela manhã do dia 2 de dezembro de 1994.
Estavam todos na sala de aula, enquanto a professora não vinha para entregar as notas finais. 
Jorge conversava com alguns colegas nossos, eu acabava de chegar. Decidido do que fazer.
Larguei minha moxila na cadeira em que costumava sentar e fui em direção a ele:
Interrompi a conversa e falei:
-Jorge, Eu preciso conversar contigo? 
-Pode falar o que é, pela sua cara é algo muito sério. Diga? 
 Respondi:
-Tu pode vir comigo um minuto?
Ele apenas sacudiu a cabeça concordando, Então me acompanhou. Percebendo que algo me preocupava. Saímos da sala de onde todos estavam comemorando o último dia de aula.
-Marcelo, espera me fala o que houve.  Você esta sério, o que foi me diz? 
Não consegui responder, apenas segui e ele me acompanhava, aflito.
Então abri a  porta de uma sala no final do corredor que estava vazia.  Entramos. Fechei a porta, Pois não queira que alguém ouvisse nossa conversa.  Eu ainda nem sabia como começar, Apenas uma certeza.  Dali para frente tudo mudaria.
Jorge me olhava paralizado, esperando para saber o que eu tinha para lhe falar, talvez ele estava mais assustado do que eu.  Pois ele nunca havia me visto daquele jeito tão desconcertado. 
O medo tomou conta de mim completamente, por um momento pensei que não conseguira pronunciar nenhuma palavra, até que num sopro de coragem, respirei fundo e começei:
-Jorge, eu quero que um dia tu possa me entender. Sei que este dia não será hoje, mas independente de qualquer atitude sua, é melhor para nós dois que seja assim.
Então ele me interroupeu:
- Marcelo, Você está me assustando, o que foi ?  Me fala...  O que é isso, te entender do que, o que aconteceu ?
Lágrimas começaram cair dos meus olhos, sem que eu pudesse escondé-las, Jorge me olhava fixamante sem entender nada, As palavras certas não vinham a minha boca, sei lá se elas existiriam para um momento como aquele. 
Com a voz tremula falei:
- Eu sou apaixonado por ti !!!
Depois desta frase eu que até então conseguia encará-lo, Não mais conseguia olhar em seus olhos, Ele parecia não ter entendido o que havia acabado de ouvir. 
O silêncio foi quebrado por uma quase que exclamação.
-Como é que é ? ( Jorge perguntou )
Nervoso, chorando, tentei terminar.
-Já faz tempo que eu sinto isso, mas eu nunca tive coragem para te dizer, me desculpa ... 
Ele me interrompeu:
- Que história é essa, como assim faz tempo, cara eu ...
- Como isso? Não to entendendo nada, a gente é amigo!!
Eu procegui:
- Sei que pode parecer absurdo, mas eu não consigo mais enganar, mentir que não sinto isso... Mas eu te amo!! 
Procegui:
-Te juro que se eu pudesse não teria nunca pronunciado nenhuma destas palavras, mas já não consigo esconder e não quero mentir para mim mesmo que não sinto isso, se é bem pelo contrário. 
Ele parecia anesteziado, ouvindo aquilo tudo. 
E eu tentando não desabar ainda mais em lágrimas. Estático jorge me olhava, deixando-me mais aflito e nervoso. 
Mas logo eu saberia sua reação, mesmo desejando que ela fosse diferente, Só que no fundo já imaginava que seria assim. 
 Exaltado, ele falou:
-Cara, eu nunca te dei intimidade para nada, o que é isso, tu não pode estar fazendo isso comigo, Não comigo que sempre fui teu amigo. 
Suas palavras de revolta, me desconsertaram ainda mais, chorando, desesperado tentei explicar.
-Eu também fui seu amigo, mas não é isso?
Jorge em voz alta disse:
-O que é então, o que tu tá querendo?
Tentei falar, Mas fui interrompido:
-Nada, não quero nada, só que tu me entenda, Eu não procurei por isso, aconteceu. 
Jorge Falou:
-Aconteceu, como. Cara eu gosto de mulher, 
não de... ( Baixou a cabeça e concluiu )
- Deixa pra lá. (Silêncio...)
- Não posso entender. Não consigo ver razão pra continuar seu amigo, depois disso. Eu tinha um carinho enorme por ti,  Mas mesmo assim não consigo ser mais seu amigo.  Nós amizade termina aqui.

Naquele momento meu peito doía, Como se um faca o abrisse ao meio, Minha vontade era de me ajoelhar ao seus pés e implorar para que não fosse assim. 
Eu não suportaria perder aquilo que me deixava feliz. Ele era o motivo que fazia eu ter disposição de ir ao colégio todos os dias, era por ele que eu me esforçava para ser o melhor aluno, pois sabia que ele me tinha como um exemplo. Quantas e quantas vezes eu lhe ensinei quando ele não entendia uma matéria, e nas provas era eu que passava cola pra ele e boa parte da sala também. Talvez fosse passar a sua raiva. Mas o seu olhar ia muito além disso, eu enxergava um desprezo profundo, mesmo que suas palavras tentassem não me ferir tanto, o seu tom de voz fazia com que me sentisse um nada.
Perder a sua amizade seria um golpe muito duro para eu suportar. Sei que seria difícil para ele aceitar,  mas nunca pensei que chegaria a este ponto. 
"O que mais me magoou em tudo que ouvi, foi dele duvidar de minha sincera amizade, como se eu estivesse me atroveitando da situação para estar proximo a ele".
Ele procegui e disse:
-Agora eu to entendendo...
-Você não foi meu amigo.  Você me enganou,  na verdade tinha um interesse maior que só uma amizade. Pensou o que? Que eu ai gostar de saber que tem um cara a fim de mim, é isso.  Passou pela tua cabeça que ao saber eu ia te abraçar e assim seriamos felizes para sempre...
( Um riso de deboche seguiu )
-Não dá , não tem como ser, não quero nunca mais olhar novamente na tua cara...  Você, Marcelo que sempre foi meu melhor amigo, mas nem assim consigo compreender. Fazendo isso...
-Por que está falando assim comigo jorge??!!!
(Jorge foi então abrindo a porta para sair.)
Eu supliquei:
-Espera, não precisa me tratar assim, não precisa ser assim?  
Ele finalizou: 
-Não tenho mais nada para falar contigo, me esqueça.
Eu então fiquei ali, paralizado, chorando. Inconsolado.  Eu não o culpava por ter agido daquela maneira.  Achei ao menos que poderia acontecer diferente do que foi.  Que talvez ele fosse me entender e continuarmos amigos. Nunca imaginei que o preço que pagaria seria caro demais, Perder a sua amizade era difícil demais para eu suportar.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Livro - Sempre Te Amarei...


                                                    Prefácio


"Nossas vidas são feitas de escolhas, de chegadas e partidas. Mas é o destino quem se encarrega de traçá-las. Todos nós temos caminhos á seguir, Alguns optão pelo errado e outros pelo certo. Mas quem consegue julgar? Será que temos noção do que é certo ou não... Daí só no final de nossa jornada é que saberemos.
Bem. Está é a minha. O meu caminho, 
A minha escolha, A minha vida."  
Mas aprendi... Tenho que seguir adiante mesmo assim, Vivendo um dia de cada vez, Sem ter presa de querer viver tudo como se não houvesse um amanhã.
Eu descobri que era diferente bem novo.  Amei sem malícia, Da forma mais pura. Me entreguei a um sentimento que é o limite entre a dor e a loucura, Mas o que os mantém é o equilíbrio. Desde então tentei buscá-lo, Mas não o encontrei. Percebi que o amor só  nasce uma vez, E que o primeiro... Nunca se esquece!!!"
Quando se é jovem não se tem noção do longo caminho a se percorrer, Apenas sei que este caminho para uns é feito de belas paisagens e flores, Já para outros, Cheios de espinhos e escuridão. Eu passei por tantas provações. Algumas boas, Outras nem tanto.  Hoje sei que na vida se ganha ou se perde, E que num instante de descuido, tudo vem abaixo...
Muito prazer, Sou o Marcelo, Tenho 35 anos, Aparentando ter bem mais, Sou soro positivo. E foi num momento destes, Que minha vida se transformou. Mesmo sem eu ter culpa. Apenas penso que tudo poderia ter sido diferente, Mas o que me falta é tempo para tentar consertar os estragos, Já é muito tarde, Não há  como voltar. O que me resta é a certeza,  No dia em que me for, Lembrar das poucas pessoas amadas que confiei, E nelas pude ter o apoio necessário para permanecer de pé até agora. E que um grande amor eu vive apesar de tudo, E a ele posso sem duvida nenhuma dizer:  Te Amarei Eternamente... Porém  este amor não era para se viver nesta vida, quem sabe em uma outra.


Começa aqui uma história pincelada com cores fortes, 
Mais reais que retratam uma vida, A MINHA ... 

Boa leitura! 


Autor:  Charles Bitencourt