Top Pesquisa

sábado, 1 de março de 2014

Capítulo 2 - O Desprezo


Passei o restante da manhã ali, pensando. Todos os alunos já haviam saído do colégio. 

Foi então que a porta da sala que eu estava se abre, Era Maria Eduarda. 
-Marcelo, o que foi ?
-Eu então a abracei e lhe falei:
- Eu disse para ele, eu contei. Maria. 
-Eu imaginei que fosse isso, Jorge estava com uma cara, tentei puxar assunto, mas ele foi estupido comigo.  
- Desculpa ele, é por causa minha, espero que os meus amigos ele não passe a tratar mal, a culpa é minha, não de vocês. 
Maria eduarda, exclamou:
- Culpa que culpa, Marcelo. Não existe culpa por gostar de alguém, sei o quanto você ama ele, o jorge não é mais criança, não pode agir como se fosse uma. Mas não fica assim, deixa ele se acalmar um pouco, Vai passar.
Respondi:
- Ele disse que acabou a nossa amizade, Por quê ? Eu amo ele.
Maria tentando me consolar:
- Deixa passar um pouco isso tudo, vocês são muito amigos, ele vai perceber que está sendo infantil fazendo isso contigo, sei que é duro, imagino que esteja sofrendo, mas acho que ele também deva estar, você era o melhor amigo dele. Ele ficou surpreso, irritado, mas no fundo sente estar perdendo tanto quanto você... E tem outra coisa. A família dele, nós sabemos o quanto ela se acha a certinha e ainda tem o fato de ser preconceituosa, imagina se eles sabem do que você  sente pelo jorge, Acho que isso é o grande motivo da reação dele. "Sei que maria apenas queria me ajudar, tentava assim me colocar para cima de novo,  inventando mil desculpas para me fazer sorrir e voltar ser como eu era. Mas isso naquele momento era algo quase impossível."
-Quer que eu te leve para casa, vamos eu te acompanho. Faço um bricadeiro, assistimos uma comédia no Dvd. (Maria perguntou)
-Não, eu não conseguiria. Desculpa, não me leve a mal, mas eu preciso ficar um pouco sozinho. Mas obrigado, sei que tu só quer me ajudar. Mas acho que depende só de mim daqui pra frente.
Ela então deixou-me ali, me deu um beijo na testa. Despedindo-se. 
A porta da sala se fechou. E eu permaneci ali, Suplicando a deus que me ajudasse, pedindo forças para aguentar ficar distante de jorge. "Mas no mesmo momento que eu rezava pedindo ajuda, meu coração apertado, se enchia de uma súbita esperança, e foi então que em minha mente senti um desejo tomar conta do meu ser. Eu precisava falar com ele nem que fosse pela última vez."
Eu sabia que sair daquele colégio onde que por tantos anos serviu para nós nos aproximássemos e fossemos aos poucos nos tornando amigos, Não seria nada fácil. Pois cada sala, cada corredor, me levava de volta ao um passado tão presente em minha memoria. Eram tantas as recordações. "Nossos risos, se misturavam, nossas atitudes diante das circunstâncias eram parecidos, como se ambos fossem um só.  Minha amizade, apesar de amá-lo tanto era verdadeira assim como a dele por mim apesar de não me amar, era terna e fiel. "
Percebi que as horas se passaram e quase ninguém mais estava no colégio, já era por volta de uma da tarde. Decidi então me levantar dali. Fui até a nossa antiga sala pegar meu material. Ela estava vazia, sentei em minha cadeira,  sendo a última vez que o faria. As lagrimas teimavam em cair e minha memória levou-me de volta ao começo de tudo. Ao meu  primeiro dia de aula da quinta série, ano onde eu o vi pela primeira vez.

"Vi aquele garoto de rosto e corpo largo entrar  sala a dentro, sentou-se na minha frente na classe. Ele me parecia quieto demais, naquele primeiro dia, e acho que por alguns outros dias seguintes, não vi ele conversar com ninguém, E eu aos poucos fui me tornando curioso em saber algo sobre aquele novo colega, e foi em um trabalho em dupla valendo nota que pela primeira vez trocamos as primeiras palavras. Eu o convidei para fazermos juntos o tal trabalho, e ele apenas sacudiu a cabeça concordando."
-É Jorge o teu nome, né? (Perguntei)
-Sim, e o seu é Marcelo (Ele Respondeu)
-Sim (Respondi)
Começamos a responder as perguntas propostas na folha que devíamos entregar, e eu aos poucos fui reparando nele algo que eu nunca havia reparado em garoto algum, Seus olhos verdes atentos me olhavam enquanto eu lia a resposta da pergunta, o jeito como ele mexia no cabelo, louro e liso, seu sorriso farto e sedutor, suas mãos fortes eram tão diferentes das minhas, frágeis e pequenas. Senti meu corpo estremecer todo quando por um súbito momento ele tocou em minha mão, pedindo a caneta que eu segurava, foi magico aquele instante, como se o tempo tivesse parado. "Sem saber eu estava ali começando a escolher um caminho sem volta.
(Voltei a realidade)
-Era tão real, mas já não existia mais, tomei-me conta de que a sala estava vazia e eu estava sentado na minha cadeira, e aquilo tudo que se passou estava num tempo de deve ficar aonde esta, e que já não há como voltar." Levantei-me dali, sai pelo corredor. Tentando esconder minhas lagrimas, Assim seria o meu último adeus aquele lugar que jamais sairia de minha lembrança.
Subindo a rua que levava até a sua casa, decidi, procurá-lo, Pois ainda havia algo que eu precisa fazer. Minhas pernas tremiam, mas assim mesmo, toquei a campainha.  A porta se abriu. O próprio jorge que me atendeu, mas ao olhar em seus olhos o que eu via era uma das piores sensações que um dia eu já senti, Desprezo. Era o que retratava sua face. E antes mesmo que eu pudesse falar algo,  me disse." 
-Achei que tinha deixado bem claro a você,  "Acabou, não quero vê-lo, não quero ouvir nada que tu queira me dizer." 
Tentei falar, mas ele simplesmente foi fechando a porta na minha cara, exclamei:
Não quero falar nada!!! Apenas quero te entregar isso!!!
Ele olhou em minha mão um envelope, mas assim mesmo não esboçou nenhuma atitude. Jorge fechou a porta mesmo assim. 

"Senti-me triste a tratá-lo daquela maneira, Mas o que eu posso fazer, não quero alimentar esperanças no coração do Marcelo. Encostei-me na porta, fechei por uns segundos os olhos, e ao abri-los novamente, me senti emocionado, quase já lagrimejando, pronunciei apenas duas. Sem me dar conta." - Por que?!

(Para jorge era difícil aceitar o amor de Marcelo, ele não entendia direito, Mas sabia que se continuasse perto estaria alimentando aquele sentimento. Jorge tinha medo, só que ao desprezar o seu melhor amigo, estava também desprezando a ele mesmo). 

Eu, então coloquei a carta por debaixo da porta, talvez fosse pra ser assim, pensei, sai dali sem rumo certo pela rua. Jorge então se viu na obrigação de pegar aquela carta pois sua mãe saia da cozinha, e lhe perguntava:
- Quem é jorge?
- O carteiro mãe.
Pegou a carta e saiu correndo até o seu quarto, colocou-a na gaveta do lado de sua cama, deitou-se. Deixando apenas as lembranças dos momentos que passou ao lado daquele amigo fluírem em sua mente. Lembrou-se de coisas que nunca havia pensado antes. Dos momentos felizes que passou ao lado daquele amigo. Do quanto ele era presente em sua vida. "Me recordei da época que eu havia quebrado o meu braço direito e que durante boa parte do tempo que fiquei em casa sem ir ao colégio, era Marcelo que copiava a aula para mim, e ainda tentava me ensinar para que eu não me atrasasse tanto na matéria."
-Marcelo, não entendo... Por que você se preocupa comigo?
- Deixa que quando eu puder eu copio as aulas do teu caderno, não precisa copiar para mim.
- Marcelo meio sem jeito respondeu:
- Capaz, você é meu amigo, faria o mesmo por mim.
Jorge então brincou:
-  Há não, não fazia mesmo, tá louco... Né!!!
Os dois caíram na risada juntos, 
Marcelo ainda falou:     
- Ha é assim...  (Risos)
Ao abrir seus olhos novamente, jorge começava a entender... 
-  Ele era e sempre foi o mesmo, por que meu deus,  estava ali na minha frente e eu não via.  Era tão sutil, mas aos mesmo tempo perceptível, mas eu nunca notei...
"O Marcelo sempre me amou, dedicando-se a mim, eu que não via. Ele é o meu melhor amigo, esteve ao seu lado independente do que fosse, Sempre que eu precisei ele estava presente." Jorge se dava conta de que a amizade, era apenas uma maneira disfarçada de uma forma de amar que sempre existiu.