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sábado, 1 de fevereiro de 2014

Capítulo 1 - A Revelação


Então, Haviam se passado 8 anos desde quando eu o vi pela primeira vez. Era meu último dia de aula naquela escola e eu havia decidido, aquele seria o dia que finalmente um grande segredo guardado por um longo tempo seria revelado. 

Jorge, era meu melhor amigo e eu talvez fosse o dele também. Mas eu não sentia apenas uma simples amizade,  Eu o amava.  Amava de todo coração. Um amor puro, sublime e sem malícia.  Pois somente o fato de tê-lo por perto. Participando de sua vida, já me bastava e isso fazia sentir-me feliz por completo. 
Mesmo sabendo, mas sem intensão. Eu estava lhe enganando, escondendo-lhe a verdade.  
Foi então que decidi, já era hora dele saber. 
Eu não tinha o direito de esconder isso por tanto tempo assim, Como fiz. E até porque eu já não conseguia mais suportar guardar este sentimento dentro do meu peito. 
Eu queria dizer de todo o meu coração que o amava, dizer o quanto era importante tê-lo conhecido, e que eu não saberia viver se não tivesse ao seu lado; mesmo que fosse apenas como um amigo. Sabia que não adiantaria ter esperanças de que poderíamos ir além, mas mesmo assim meu coração não deixava de amá-lo, Pois eu tinha a certeza de que o amor entre nós não reinaria.

Naquela manhã do dia 2 de dezembro de 1994.
Estavam todos na sala de aula, enquanto a professora não vinha para entregar as notas finais. 
Jorge conversava com alguns colegas nossos, eu acabava de chegar. Decidido do que fazer.
Larguei minha moxila na cadeira em que costumava sentar e fui em direção a ele:
Interrompi a conversa e falei:
-Jorge, Eu preciso conversar contigo? 
-Pode falar o que é, pela sua cara é algo muito sério. Diga? 
 Respondi:
-Tu pode vir comigo um minuto?
Ele apenas sacudiu a cabeça concordando, Então me acompanhou. Percebendo que algo me preocupava. Saímos da sala de onde todos estavam comemorando o último dia de aula.
-Marcelo, espera me fala o que houve.  Você esta sério, o que foi me diz? 
Não consegui responder, apenas segui e ele me acompanhava, aflito.
Então abri a  porta de uma sala no final do corredor que estava vazia.  Entramos. Fechei a porta, Pois não queira que alguém ouvisse nossa conversa.  Eu ainda nem sabia como começar, Apenas uma certeza.  Dali para frente tudo mudaria.
Jorge me olhava paralizado, esperando para saber o que eu tinha para lhe falar, talvez ele estava mais assustado do que eu.  Pois ele nunca havia me visto daquele jeito tão desconcertado. 
O medo tomou conta de mim completamente, por um momento pensei que não conseguira pronunciar nenhuma palavra, até que num sopro de coragem, respirei fundo e começei:
-Jorge, eu quero que um dia tu possa me entender. Sei que este dia não será hoje, mas independente de qualquer atitude sua, é melhor para nós dois que seja assim.
Então ele me interroupeu:
- Marcelo, Você está me assustando, o que foi ?  Me fala...  O que é isso, te entender do que, o que aconteceu ?
Lágrimas começaram cair dos meus olhos, sem que eu pudesse escondé-las, Jorge me olhava fixamante sem entender nada, As palavras certas não vinham a minha boca, sei lá se elas existiriam para um momento como aquele. 
Com a voz tremula falei:
- Eu sou apaixonado por ti !!!
Depois desta frase eu que até então conseguia encará-lo, Não mais conseguia olhar em seus olhos, Ele parecia não ter entendido o que havia acabado de ouvir. 
O silêncio foi quebrado por uma quase que exclamação.
-Como é que é ? ( Jorge perguntou )
Nervoso, chorando, tentei terminar.
-Já faz tempo que eu sinto isso, mas eu nunca tive coragem para te dizer, me desculpa ... 
Ele me interrompeu:
- Que história é essa, como assim faz tempo, cara eu ...
- Como isso? Não to entendendo nada, a gente é amigo!!
Eu procegui:
- Sei que pode parecer absurdo, mas eu não consigo mais enganar, mentir que não sinto isso... Mas eu te amo!! 
Procegui:
-Te juro que se eu pudesse não teria nunca pronunciado nenhuma destas palavras, mas já não consigo esconder e não quero mentir para mim mesmo que não sinto isso, se é bem pelo contrário. 
Ele parecia anesteziado, ouvindo aquilo tudo. 
E eu tentando não desabar ainda mais em lágrimas. Estático jorge me olhava, deixando-me mais aflito e nervoso. 
Mas logo eu saberia sua reação, mesmo desejando que ela fosse diferente, Só que no fundo já imaginava que seria assim. 
 Exaltado, ele falou:
-Cara, eu nunca te dei intimidade para nada, o que é isso, tu não pode estar fazendo isso comigo, Não comigo que sempre fui teu amigo. 
Suas palavras de revolta, me desconsertaram ainda mais, chorando, desesperado tentei explicar.
-Eu também fui seu amigo, mas não é isso?
Jorge em voz alta disse:
-O que é então, o que tu tá querendo?
Tentei falar, Mas fui interrompido:
-Nada, não quero nada, só que tu me entenda, Eu não procurei por isso, aconteceu. 
Jorge Falou:
-Aconteceu, como. Cara eu gosto de mulher, 
não de... ( Baixou a cabeça e concluiu )
- Deixa pra lá. (Silêncio...)
- Não posso entender. Não consigo ver razão pra continuar seu amigo, depois disso. Eu tinha um carinho enorme por ti,  Mas mesmo assim não consigo ser mais seu amigo.  Nós amizade termina aqui.

Naquele momento meu peito doía, Como se um faca o abrisse ao meio, Minha vontade era de me ajoelhar ao seus pés e implorar para que não fosse assim. 
Eu não suportaria perder aquilo que me deixava feliz. Ele era o motivo que fazia eu ter disposição de ir ao colégio todos os dias, era por ele que eu me esforçava para ser o melhor aluno, pois sabia que ele me tinha como um exemplo. Quantas e quantas vezes eu lhe ensinei quando ele não entendia uma matéria, e nas provas era eu que passava cola pra ele e boa parte da sala também. Talvez fosse passar a sua raiva. Mas o seu olhar ia muito além disso, eu enxergava um desprezo profundo, mesmo que suas palavras tentassem não me ferir tanto, o seu tom de voz fazia com que me sentisse um nada.
Perder a sua amizade seria um golpe muito duro para eu suportar. Sei que seria difícil para ele aceitar,  mas nunca pensei que chegaria a este ponto. 
"O que mais me magoou em tudo que ouvi, foi dele duvidar de minha sincera amizade, como se eu estivesse me atroveitando da situação para estar proximo a ele".
Ele procegui e disse:
-Agora eu to entendendo...
-Você não foi meu amigo.  Você me enganou,  na verdade tinha um interesse maior que só uma amizade. Pensou o que? Que eu ai gostar de saber que tem um cara a fim de mim, é isso.  Passou pela tua cabeça que ao saber eu ia te abraçar e assim seriamos felizes para sempre...
( Um riso de deboche seguiu )
-Não dá , não tem como ser, não quero nunca mais olhar novamente na tua cara...  Você, Marcelo que sempre foi meu melhor amigo, mas nem assim consigo compreender. Fazendo isso...
-Por que está falando assim comigo jorge??!!!
(Jorge foi então abrindo a porta para sair.)
Eu supliquei:
-Espera, não precisa me tratar assim, não precisa ser assim?  
Ele finalizou: 
-Não tenho mais nada para falar contigo, me esqueça.
Eu então fiquei ali, paralizado, chorando. Inconsolado.  Eu não o culpava por ter agido daquela maneira.  Achei ao menos que poderia acontecer diferente do que foi.  Que talvez ele fosse me entender e continuarmos amigos. Nunca imaginei que o preço que pagaria seria caro demais, Perder a sua amizade era difícil demais para eu suportar.