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quinta-feira, 1 de maio de 2014

Capítulo 4 - Encontro

Maria decidiu procurar por Jorge na academia. 
E ao chegar até lá, olhava para todos os lados, e não o avistava. Passou alguns minutos  quando ela o viu. Ele saia do banheiro, Foi em sua direção. Mas antes mesmo dela falar o que queria. Jorge dizia que se o assunto era sobre o mim, que ele não tinha nada mais a conversar.
Maria sentiu uma raiva subida tomar conta dela, assim acabou perdendo o controle e quase gritando disse:
-O Marcelo está no hospital.  Eu só vim até aqui para te avisar isso, pois achei que tu ainda se importava com ele,  mas pelo visto me enganei!!
Jorge sentiu-se constrangido, mas ao mesmo tempo preocupado.
-Espera, o que aconteceu? Por que ele tá no hospital?
- Não sei ainda o porque, o que sei é que ele foi esfaqueado na rua, e que é grave o seu estado de saúde.

Maria se virou dando as costas a Jorge que sem reação, paralisou-se. Maria pensou o quanto era importante a presença dele para o Marcelo, e então perguntou sem se virar novamente:
- Você vem comigo?
O silencio parecia responder aquela pergunta. Ela já desistindo e se arrependendo ter ter ido procurar por jorge, surpreendeu-se.
- Sim, eu vou... 
-Que bom, tomou a decisão certa, nestas horas temos que deixar as diferenças de lado, pois se fosse o contrario certamente o Marcelo estaria ao seu lado.
- Sim, eu sei... apesar de não entender muito o porque
- Como não entende, o cara te ama... e faz muito tempo já!!!
- Por que você nunca me falou??
- Por que eu não tenho nada a ver com a vida dele. Jorge, mas nunca vi um sentimento tão bonito quanto o que ele sente por você.
- Maria, posso te pedir uma coisa, não fala mais nada sobre isso. Quando o Marcelo melhorar conversaremos, mas não quero dar falsas esperanças a ele, pois isso preferi me afastar.

"Maria Eduarda, sorriu discretamente. Pois algo naquelas palavras pareciam não se encaixar. Calou-se diante daquele pedido. Mas algo lhe dizia que talvez Jorge pudesse também sentir algo por Marcelo, que não era apenas uma simples amizade. Algo que ele queria esconder dele mesmo."   

No hospital começaria a minha cirurgia cirurgia,  o medico dizia que não poderia adiar mais nem um minuto, enquanto ele dava a notícia para minha mãe. Maria Eduarda entrava e ao seu lado estava Jorge. 
- Como ele esta, doutor?
-Eu acabava de avisar que começaremos a cirurgia, mesmo sem ter sangue compatível. Vamos torcer para que ocorra  tudo bem e que não precisemos de uma transfusão.
- Jorge aflito pergunta:
- Que sangue ele precisa?
- Ele precisa sangue do tipo O-
- Eu posso doar para ele doutor!!!
-Mais qual é o seu tipo sanguíneo??
-Não tenho bem certeza mais acho que é o mesmo que ele. ( Jorge finalizou )
Dona Lúcia emocionada, sem pensar muito deu um forte abraço em jorge.
- Obrigado meu filho, muito obrigado. 
Jorge emocionado, demonstrava pela primeira vez sentimentos em relação a Mim.  Maria Eduarda olhava como se não acreditasse no que via. Jorge chorava abraçado aquela que ele tinha como uma segunda mãe.  Ela sentia seu coração alegrasse por ver aquele momento, e emocionada também chorou.
- Precisamos ir então, se você irá doar temos que fazer um exame para confirmar se você será o doador. (Interrompeu o medico).

Jorge então pediu algo. 
-Posso ver ele antes?
- Não recomendo, ele está inconsciente, não poderá falar com ele. Avisou o medico.
- Não tem problema, posso ir mesmo assim, nem que seja por um instante. Claro isso se a Dona Lúcia não quiser ir no meu lugar.
Minha mãe apesar de querer ir muito me ver, não se negou. Deixando jorge ir no seu lugar, Ela em seu coração sabia que um sentimento maior, unia Jorge a Marcelo. Pois seu filho sempre falava para ela tudo o que faziam, "Marcelo era um filho maravilhoso, ia gostar de ver o quanto seu amigo estava aflito e emocionado." Lembrou-se. Apesar dela nunca entender realmente a veneração que eu tinha por Jorge, mas sabia que ele ficaria feliz em ver que seu melhor amigo esteve presente durante aquele momento  tão difícil de sua vida.
Ao entrar na sala, já preparada para a cirurgia, jorge viu uma imagem que lhe entristeceu profundamente. 
Ele foi aproximando-se lentamente, com lágrimas nos olhos, sentiu raiva de si mesmo.
- A culpa é minha!! Exclamou. 
Jorge então chegou ao lado do leito em que eu estava.
"Naquele momento não sei explicar bem ao certo, senti a sua presença, eu estava sedado, não conseguia falar, e nem me movimentar. Mas sabia que se eu morresse ali, queria pelo menos vê-lo pela última vez. Olhar em seus olhos me deixaria feliz em partir, pensei" 
Então consegui com dificuldade abrir um de meus olhos. Jorge segurava em minha mão, sua voz travada e emocionada, tocaram meu coração sensivelmente, não consegui conter as lágrimas que logo começaram a cair.
- Eu to aqui, amigo, meu amigo... Jorge parecia que não conseguiria dizer mais nada.

"As palavras não saiam ao vê-lo naquele estado, sentia-me culpa, por ele estar passando por aquilo, se eu não tivesse o tratado tão mal, se eu tivesse lhe entendido, talvez ele não estaria aqui."  Jorge pensou... e já quase sem voz, falou:
- Me desculpa, meu amigo, por favor. Eu não devia ter te tratado daquele  jeito. Me perdoa por ter sido um idiota e não ter visto que não tem diferença nenhuma o que tu sente.  Você sempre foi meu melhor amigo, sempre me respeitou. Tanto fez que eu nunca percebi que você gostava de mim.  
Eu fracamente consegui apertar em sua mão.
"Queria dizer a ele, o quanto era importante pra mim, queria me despedir, mas não consegui."
-Por favor, não vai embora,  não deixa teu amigo aqui sozinho. Eu preciso de ti perto de mim. 
Eu lutava para continuar a viver.  
Jorge num ato de desespero, sentiu um sentimento tomar conta de seu coração, e sem se dar conta. Caiu-se de joelhos no chão e pediu a deus que não deixasse que seu melhor amigo morresse.  
- "Por favor deus salva ele, não o leva da minha vida. Eu tenho tanto que me zangar com ele ainda. Eu prometo que vou cuidar bem dele, que sempre vou estar por perto quando  precisar, assim como ele sempre fez comigo. 

O Medico então entrou na sala, dizendo que teria que começar a cirurgia. Pois estavam correndo contra o tempo. E que era para a enfermeira acompanhar ele até a sala de coleta para que fizessem o teste de compatibilidade. 

Mas antes de sair dali, jorge olhou para trás, e ao ver seu melhor amigo ali deitado  naquela sala, cheio de tubos por todos lados,  percebeu que a vida da gente se resume a quase nada.

Foi feito o teste para saber se ele podia doar seu sangue para mim, o resultado foi positivo. A cirurgia começava, seria bastante delicada, pois a facada que o bandido deu em mim, havia perfurado um dos meus rins e uma parte do intestino tinha sido gravemente afetada. 
Passou-se horas, cada minuto parecia interminável, sem notícias,  aflitos esperavam os três. Dona Lúcia rezava fervorosamente, enquanto Maria em silencio fazia suas preces, Jorge que nunca foi muito religioso, pedia a deus que tudo ocorresse bem. Mas da sua cabeça não saiam as  lembranças alegres que viveu ao lado daquele amigo.

  O medico finalmente apareceu trazendo notícias:
-Foi muito difícil,  mas ele vai se recuperar, conseguimos sessar a hemorragia e reconstruir os tecidos que foram perfurados, seu sangue serviu muito bem. Dirigindo-se a jorge falou. Agora temos que esperar as próximas horas para ver como ele vai reagir.
-O único problema é que tivemos que retirar o rim esquerdo, que não conseguimos recuperar, devido a facada ter perfurado por completo, e a hemorragia que ele provocava não seria cessada se deixássemos. Temos agora que esperar às próximas horas para ver se tudo correr bem, e como organismo se comporta sem um dois rins. 
- Mas meu filho corre risco de vida ainda?? ele vai sobreviver com apenas um rim??
- Sim, normalmente pessoas que retiram um dos rins sobrevivem e continuam suas vidas, mas tudo depende do organismo de cada um. Finalizou o medico. 
- Bem, agora se me dão licença.
- Posso ver meu filho doutor?? Perguntou dona Lúcia.
- Poderá, sim. Mas somente pelo vidro da UTI.  Ele deve ficar lá pelo menos as próximas 72 horas. E depois se tudo correr bem, lhe transferimos para o quarto.
- Sim eu quero vê-lo nem que seja de longe.
- Me acompanhe por favor, então.

Jorge ainda atordoado, lembrou-se do que ocorreu lá dentro antes da cirurgia:
-Ele apertou minha mão aquela hora que eu estava lá. 
Maria Eduarda disse então:
- Creio que ele deva ter sentido sua presença lá e quis demonstrar que estava sentindo, Apesar de estar em coma induzido. Muitos pacientes conseguem sentir o que se passa em volta. E pode estar certo que o Marcelo sentiu que você estava ali ao lado dele neste momento tão difícil e quis realmente de alguma forma demonstrar que sentia isso.


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Amanhecia. Maria Eduarda e Jorge, Haviam passado á noite ali ao lado de Dona Lúcia, tentavam disfarçar o cansaço que era evidente.
-Meus filhos, se quiserem ir pra casa... podem ir, eu ficarei bem, qualquer notícia eu mando avisá-los. 
-Eu vou ir então, pois nem avisei em casa que sairia, e no fim passei a noite fora. 
-É... vai Jorge, meu querido... Sua mãe deve estar aflita sem notícias suas... E mais uma vez muito obrigado por ter ajudado a salvar a vida do meu filho, se você não tivesse doado seu sangue nem sei o que poderia ter acontecido.
-Não tem que me agradecer, se fosse o contrário sei que o Marcelo teria feito por mim o mesmo. E num abraço de ternura a gratidão, Dona Lúcia e jorge se despediram. Assim como Maria Eduarda também foi,  e foram juntos até a saída do hospital e ela ao se despedir de jorge lhe disse.
- Eu não esperava outra coisa vinda de você, Jorge. Parabéns mesmo, O Marcelo ficará muito feliz quando souber que você não lhe deixou neste momento.

Maria eduarda deu-lhe um beijinho no rosto se despedindo. Seu corpo estremeceu ao tocá-lo. 

"Eu sempre gostei dele, mas preferi manter-me distante e fiel a minha amizade com o Marcelo, que para mim era mais importante. Quando eu era mais nova até quis declarar-me ao Jorge, Mas não o fiz. Não tive coragem, passou o tempo e vi que não devia. E depois que conheci o Marcelo e soube de seu amor, preferi me calar e deixar que o tempo se encarregasse de fazer-me esquecer, mas isso ainda não acontecerá... Peço a deus que me mantenha firme e fiel a minha amizade".

Jorge foi de volta para sua casa, onde lá Dona Catarina, sua mãe lhe aguardava.
-Onde você passou a noite jorge?? Nem um telefonema pra avisar, estava preocupada??
- Desculpa mamãe é que eu estava no hospital, O Marcelo foi assaltado e precisou fazer uma cirurgia.
(Ela sem se preocupar com a gravidade da situação, disparou...) 
-Não quero que você fique perto desse menino... Jorge, esta me escutando bem??
- Por que mãe, o que foi? Ele é meu amigo.
E para a surpresa de jorge, sua mãe tirou um envelope do bolso de seu casaco, sem que ele pudesse dizer nada ela continuou.
-Eu li esta carta que ele escreveu, ela estava nas suas coisas, como este menino pode? Ele frequentava nossa casa e tudo mais, e fazer isso com a gente, imagina se a cidade fica sabendo o que ele escreveu, vão pensar que você dois tem alguma coisa, que meu filho também é anormal, assim como ele. 
Jorge aflito, olhava sem jeito para ela, que seguia falando, e falando... Ele temia que isso acontecesse, que sua família soubesse sobre o sentimento de Marcelo por ele. Mas sua coração dizia que ele deveria permanecer ao lado de seu amigo, pelo menos até que ele se recuperasse totalmente.

-Eu proíbo você de ver este... este, este, nem quero dizer o que ele é, proíbo, jorge, se me desobedecer eu falarei com o seu pai sobre o que eu li.
-Não mamãe, não posso deixar ele de lado, ele esta doente, precisa de mim. Eu até doei sangue pra ele, pois ele estava precisando.
- O que você fez, doou seu sangue, para aquele anormal e invertido.
- Ele não é anormal, mamãe... ele é meu amigo, me devolve a carta?
- Não, colocarei ela fora, queimarei se for preciso, ninguém mais vai ler esta barbaridade. Meu deus se souberem o que pensarão.
-A senhora não tinha o direito de mexer nas minhas coisa e muito menos ler,
-Eu sou sua mãe, me respeite Jorge!!!
(Jorge pela primeira vez na vida se exaltou com a sua mãe e em a voz alta gritou)
- É minha mãe sim,  Mas não é minha dona, não tem o direito de dizer o que eu faço da minha vida... e por favor me deixe sozinho.

Jorge pegou das mãos delas a carta que eu havia escrito e que nem ele ainda havia lido. Sua mãe ficou furiosa com a atitude de seu filho. Mas percebeu que não adiantaria continuar a conversa. 
-Esta bem, se é assim, falarei com seu pai quando ele chegar... esta avisado.

Jorge subiu até seu quarto, deitou-se em sua cama, com a carta em sua mão, chorou... como criança ao ler cada uma daquelas linhas escritas. Comoveu-se ainda mais com a despedia final da carta. 

"Espero que algum dia me perdoe, por ter escondido meus sentimentos por ti, mas nunca tive coragem de me abrir, tinha medo de sua reação, e eu morreria se você me desprezasse. Fico sem chão, meu peito doí, e meus olhos se enchem de lágrimas só de pensar numa coisa assim, não quero nada além do que ser verdadeiro contigo, quero que fiquei ciente de meus sentimentos, apenas isso, jamais me aproveitaria a algo além de ser seu amigo, me perdoe por ter demorado tanto tempo a revelar isso."

Com carinho

Marcelo