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segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Desencontros Marcados

A Insustentável fragilidade dos relacionamentos atuais, 
Que muitas vezes acabam antes mesmo de ter começado.

Trocamos olhares oblíquos, meia dúzia de palavras decoradas, carícias sedadas pelo torpor de bebidas e finalmente, num desfecho perfeito e quase obrigatório, trocamos também telefone. Mas amanhã eu não te ligo, ou você não atende, dei o número errado, o telefone vive desligado. É o fim do que nem chegou a ser caso. Mas não importa, por que a semana seguinte alardeia novas promessas. E a novidade tem para nós a força avassaladora de um furação. Continuamos sós.
Ou então: Já faz alguns dias que nos vemos. Superamos o impasse inicial. Eu telefonei; Você, por sorte atendeu com avidez. Agora passamos a confidenciar segredos tolos, reclamamos do dia-a-dia no trabalho, dividimos interesses, exibimos nossos troféus, cochichamos desejos, e aos poucos montamos um frágil sentido de cumplicidade. Às vezes ansiamos por um telefonema, às vezes deixamos os sinais de chamada se calarem pelo cansaço. Quero? Eu me pergunto afinal. Quero? Você se pergunta por fim. 
E um dos dois - Hoje eu , amanhã você - Decide que não.
Porque não tem mais nada a ver, porque não gosto o bastante, porque existe certo ex-namorado, porque divergimos demais, outra realidade, outros pontos de vista, outra cabeça, idade, história, estilo de vida, sua ambição desenfreada me enerva, seu passado, essas roupas; Onde é que eu estava com a cabeça? O motivo é sempre o mesmo.  A desculpa, damos com certo desconforto:  Não é o momento, não te mereço, você é maravilhoso demais para mim; Mas meu tempo é curto. Ou meus planos são outros, não pretendo me envolver, tenho medo. Enfim, ficamos sós.
Ou então: Namoramos. Vencemos o  primeiro mês (Onde tudo eram rosas), começamos a traçar projetos. Eu me encanto com seu jeito de dizer um palavra, você se encanta com a minha maneira de cantar no banheiro. Eu aprendo a gostar das suas manias, você se acostuma com o seus defeitos mais caros. Com o tempo passamos a acreditar no infinito, em noites que a lua é a nossa única testemunha. Mas o tempo vai se passando e caímos na rotina. Não vimos mais já se passaram dois anos; E você se dá conta? Parece que foi ontem... Mas daí, eu já passo a olhar para os garotos da academia, ou é você que passa horas teclando na internet. Eu preciso de mais tempo com os meus amigos, você se cansou das nossas noites de sábado, filmes e pipoca. Então, para um ou para o outro, vem a surpresa: Preciso de um tempo. Vem então esse eufenismo terrível sub-entendido... "Você não me interessa mais". 

De volta então à roda-viva, das pistas rápidas dos bares, boates e festas.  Mas novamente ficamos  sós. (Sina: "O amor que não dá certo sempre está por perto.") Daí os desencontros. Daí o fato de que acabamos calejados no ofício de despedidas. Desencontro é quanto para mim acontece é para você, não. Ou vice-versa. Mas é também quando  as circunstâncias nos colocam no mesmo barco, mas logo nos damos conta de que o trajeto é errado e chega a hora de saltar fora. A questão é por que?? Por que tantos relacionamentos abortados? (E com eles se vai sempre um pouco da nossa fé no "Para sempre"). 
Talvez haja muitas respostas possíveis, provavelmente nenhuma satisfatória o bastante. Pois somos bilhões de "serezinhos" complicados em busca de alguém cujas complicações mais ou menos nos satisfaçam. Mas são muitos perfis, gostos, feitios, modo de ver, de entender, de olhar, de exprimir ideias; São tantos universos, detalhes, particularidades, traumas, e suas maneiras de remediá-los. O mais provável é que haja rejeição de pelo menos uma das partes no final. Será isso??
A certeza talvez, É que há sempre muita coisa para dar errado.  E poucas a dar certo. Primeiro é desejável que eu goste de você e você goste de mim, essa coincidência é  Primordial. Mas, só isso não basta.  Às vezes simplesmente não funciona. São gênios que não batem (Eu sou caseiro, rua para você é indispensável) ou então, na hora de ir ao cinema eu teimo por "P.S: Eu te amo", você não abre mão de "Avatar." 
Não é que eu queira um conto de fadas, não. Mas a tal "química", Essa misteriosa harmonia que me faz de amar sem reservas e que te faz me amar sem limites , E simplesmente nos faz administrar as intempéries disso que chamamos de "relação" para que possamos prosseguir juntos. Porém, às vezes é bom pelo menos ouvir falar que existe. Dizem que o homem é capaz de se acostumar a tudo. Com o passar do tempo, as circunstâncias mais adversas são assimiladas, fazendo-nos resistir. Mas ainda não deixa de ser assustadora nossa capacidade de suportar naufrágios.

Veja também o Video: http://www.youtube.com/watch?v=-yMb5aFVedM

Charles Bitencourt

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